A Casa dos Prazeres é um drama erótico francês que mostra a história de Emma (Ana Girardot), uma escritora de 27 anos que, para ajudar no processo criativo de seu próximo livro - sobre o mundo das prostitutas -, decide trabalhar em um famoso bordel de Berlim conhecido como La Maison. Porém, a aventura que deveria durar apenas algumas semanas acaba se estendendo por dois anos. Durante toda a jornada, Emma conhece mais sobre o mundo secreto das profissionais do sexo - mas, além de todo o encanto e poder, a profissão também esconde vários perigos voltados para a exploração da fantasia feminina.
"A Casa dos Prazeres" (2022), dirigido por Anissa Bonnefont, é uma adaptação do livro homônimo de Emma Becker, que narra sua experiência real trabalhando em um bordel em Berlim. O filme acompanha Emma, uma escritora francesa de 27 anos que, buscando material para seu próximo romance, decide se infiltrar nesse universo, planejando inicialmente uma estadia de algumas semanas que se estende por dois anos.
A performance de Ana Girardot no papel principal é digna de nota. Ela entrega uma Emma complexa, navegando entre a curiosidade intelectual e as nuances emocionais de sua jornada. Girardot consegue transmitir a dualidade de uma mulher que, ao mesmo tempo em que busca compreender o mundo da prostituição para sua escrita, se vê envolvida pelas relações e experiências que vivencia.
Visualmente, o filme se destaca ao evitar clichês associados ao tema. Bonnefont opta por uma abordagem que humaniza as profissionais do sexo, apresentando-as de maneira realista e distante de estereótipos. A cinematografia cria uma atmosfera que reflete tanto a crueza quanto a intimidade desse universo, sem recorrer à exploração gratuita.
No entanto, o roteiro apresenta algumas fragilidades. A narrativa, embora sólida em sua estrutura, carece de profundidade ao abordar os conflitos internos de Emma e suas interações com personagens secundários. Relações familiares e amorosas são introduzidas, mas não desenvolvidas de maneira satisfatória, deixando lacunas que poderiam enriquecer a trama.
Além disso, há uma idealização perceptível da protagonista. Emma é retratada como uma figura quase impecável, segura de si e de suas escolhas, o que a distancia de uma representação mais humana e falível. Essa construção pode levar o público a enxergá-la mais como um veículo para discursos da diretora do que como uma personagem com profundidade própria.
Em suma, "A Casa dos Prazeres" oferece uma visão diferenciada sobre o universo da prostituição, evitando armadilhas comuns e trazendo à tona reflexões pertinentes. Contudo, a falta de aprofundamento em certos aspectos narrativos e a idealização da protagonista impedem que o filme alcance todo o seu potencial.